Ao aumentar os níveis de testosterona, anabolizantes podem acelerar calvície masculina
O uso de anabolizantes tem crescido entre os diferentes públicos, como homens e mulheres, mas também entre adolescentes, situação na qual essas substâncias têm consequências ainda mais críticas.
O perfil das pessoas que usam anabolizantes é o de homens, com cerca de 30 anos, de alta renda e com níveis elevados de escolaridade. No entanto, pesquisas apontam que as mulheres têm recorrido mais a essas substâncias.
Compreender as consequências do uso de anabolizantes é fundamental e estudos mostram que ele influencia, inclusive, a queda de cabelo. Saiba mais.
O que são anabolizantes?
Os esteróides androgênicos anabólicos, ou anabolizantes, são usados na expectativa de melhorar a performance e a massa muscular, principalmente em pessoas que se dedicam aos esportes ou musculação.
Apesar do uso crescente e, muitas vezes, indiscriminado, dessas substâncias, as pesquisas têm diversas lacunas sobre o funcionamento e os riscos que apresentam à saúde.
Os anabolizantes são hormônios sintéticos que tem como objetivo simular o efeito da testosterona no organismo.
Essas substâncias têm uso médico, sendo recomendadas para casos de subdesenvolvimento de meninos na puberdade ou quando o paciente tem problemas de saúde que afetam a produção de testosterona, como câncer nos testículos.
Esses produtos podem ser encontrados em diferentes formas como gel, comprimidos, cápsulas ou injeções e o uso também varia, podendo ser contínuo ou em ciclos.
Além dos compostos sintéticos de testosterona também estão disponíveis no mercado suplementos com base no deidroepiandrosterona (DHEA), outro tipo de hormônio esteróide também produzido pelo organismo.
Quando ingerido, o DHEA pode transformar-se em outros hormônios esteróides, como testosterona, estrogênio e cortisol.
Qual a função da testosterona no organismo?
Antes de entender a relação entre os anabolizantes e a queda de cabelo é preciso compreender como esses hormônios funcionam no organismo.
A testosterona é um hormônio androgênico sendo produzida, na maior parte, pelos testículos nos homens. Apesar de ser um hormônio masculino ela também está presente no organismo feminino, mas em menor quantidade, sendo produzida principalmente nos ovários.
Como os demais hormônios, a produção da testosterona tem origem no cérebro por meio da glândula hipófise e pelo hipotálamo.
O hipotálamo controla a hipófise que determina os níveis de testosterona produzidos nos testículos e ovários. Eles tendem a aumentar a adolescência, quando ocorre o desenvolvimento físico, e diminuem na andropausa.
No organismo, a testosterona é convertida em diidrotestosterona (DHT) e estriol, hormônio que se apresenta em maiores níveis entre as mulheres.
A testosterona desempenha diversas funções na regulação do organismo e atribuição de características masculinas, como voz grossa, massa muscular e presença maior de pelos na região da barba, axilas e região genital.
No entanto, o derivado diidrotestosterona (DHT) da testosterona também é um dos responsáveis pela perda de cabelo e calvície em pacientes com predisposição genética.
Por se tratar de um hormônio mais encontrado nos homens, é possível entender porque a calvície é uma condição genética que atinge, majoritariamente, os homens.
Qual a relação dos anabolizantes com a queda de cabelo?
A calvície é chamada cientificamente de alopecia androgenética e é causada pela ação do DHT nos folículos pilosos.
Dessa forma, se o paciente tem predisposição genética à calvície, a presença desse hormônio pode causar o afinamento e encurtamento dos fios de cabelo, processo conhecido como miniaturização e que leva a perda permanente dos cabelos.
Uma vez que o DHT é um derivado da testosterona, a maior quantidade desse hormônio androgênico no organismo poderá intensificar e antecipar a ação da substância nos folículos pilosos.
Assim, o uso de anabolizantes que aumentam os níveis de testosterona poderá acelerar e intensificar o processo de miniaturização que danifica o fio e leva à calvície.
Essa ocorrência afeta principalmente os pacientes com predisposição, de forma que quanto mais precocemente for iniciado o uso de anabolizantes ou mais intenso ele for, mais chances de a pessoa desenvolver alopecia androgenética.
Como o uso de anabolizantes interfere na saúde?
Além do desenvolvimento precoce de calvície em pacientes com predisposição, o uso de anabolizantes tem diversas consequências prejudiciais à saúde, por exemplo:
● homens: diminuição dos testículos, impotência, infertilidade, ginecomastia e risco aumentado de câncer de testículo;
● mulheres: maior concentração de pelos na face e corpo, voz mais grossa, aumento do clitóris, redução dos seios, aumento do apetite e risco aumentado de câncer de mama e endométrio;
● adolescentes: soma-se aos efeitos anteriores a interrupção precoce do crescimento, afetando a estatura final.
Outros prejuízos à saúde relacionados com o uso de anabolizantes incluem aumento do colesterol e da pressão arterial, problemas no fígado, predisposição a doenças cardíacas, agressividade, violência, insônia, dores de cabeça, inchaço e acne.
Portanto, já é constatada pela literatura científica a relação do uso de anabolizantes com a queda de cabelo e a calvície masculina. No entanto, além disso, outros riscos à saúde contraindicam o uso dessas substâncias sem prescrição médica.