Censo de 2022 revela que o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas com autismo

Censo 2022 revela que mais de 2 milhões de brasileiros foram diagnosticados com TEA, representando 1,2% da população.

O Censo 2022 trouxe à tona um dado alarmante e revelador sobre a realidade do autismo no Brasil: mais de 2,4 milhões de brasileiros declararam ter recebido o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). O número, equivalente a 1,2% da população, representa um salto significativo na compreensão da prevalência do TEA no país e expõe a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes e inclusivas. A divulgação dos dados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (23) impactou a comunidade e especialistas da área.

A inclusão do quesito sobre autismo no censo, determinada pela Lei nº 13.861 de 2019, permitiu, pela primeira vez, uma quantificação mais precisa da realidade do TEA no Brasil. A pesquisa revelou um cenário complexo, com disparidades significativas entre gêneros e faixas etárias. Homens representam a maioria dos diagnósticos (1,4 milhão), enquanto as mulheres somam 1 milhão.

A maior concentração de diagnósticos se encontra na faixa etária de 5 a 9 anos (2,6%), seguida por crianças de 0 a 4 anos (2,1%), indicando um diagnóstico cada vez mais precoce, possivelmente impulsionado pela maior conscientização dos pais e pela busca ativa por informações sobre o tema. Analistas do IBGE apontam essa tendência como um reflexo positivo do aumento da informação e da busca por diagnóstico especializado.

No entanto, a pesquisa também levanta preocupações. A discrepância entre os números de homens e mulheres diagnosticados permanece sem uma explicação definitiva, sendo um campo que requer mais estudos e investigações. Além disso, embora os dados sobre raça e cor tenham sido coletados, a maioria dos diagnosticados se autodeclarou branca (1,3%), seguida por amarelos (1,2%), pretos (1,1%), pardos (1,1%) e indígenas (0,9%), levantando questões sobre o acesso equitativo ao diagnóstico em diferentes grupos populacionais.

Os números do Censo 2022, embora impactantes, representam um importante passo para a construção de políticas públicas mais eficazes para o atendimento das pessoas com TEA no Brasil.

A disponibilização de dados detalhados sobre a prevalência do autismo em diferentes grupos populacionais é fundamental para a implementação de programas de diagnóstico precoce, inclusão social e acesso a serviços de saúde especializados. A luta agora é transformar esses números em ações concretas, que garantam o direito à educação, ao trabalho e à plena cidadania para todos os brasileiros com TEA.