Uma mulher foi internada em estado grave em Vitória da Conquista, Bahia, após sofrer complicações durante uma cirurgia plástica realizada por uma biomédica. O caso, confirmado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (CREMEB), levanta questões sobre a atuação de profissionais sem formação médica em procedimentos cirúrgicos.
A paciente procurou a biomédica ( Falsa médica ) para realizar uma lipoaspiração da região submentoniana, conhecida como “lipo da papada”, um procedimento estético que tem se tornado popular e cujo custo inicial gira em torno de R$ 6 mil. Durante a cirurgia, a falsa médica realizou uma incisão no pescoço da paciente, provocando lesões em vasos importantes, o que comprometeu a respiração e resultou na internação da vítima em estado crítico.
De acordo com informações fornecidas pelo CREMEB, a denúncia foi recebida na última segunda-feira (14). A entidade não esclareceu se a paciente tinha conhecimento de que a profissional não era médica, mas destacou que biomédicos não possuem habilitação para realizar cirurgias. O procedimento em questão é considerado de risco, conforme explicou o cirurgião plástico Géza Ürményi, coordenador da comissão de especialistas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Segundo ele, a área do pescoço é delicada e abriga artérias vitais, como a carótida, o que aumenta o perigo de intervenções inadequadas.
“Já vi casos de pacientes internados nas emergências por causa desse tipo de situação, em cirurgias realizadas por pessoas que não são médicas”, comentou Ürményi. Ele reforçou a importância de os pacientes verificarem se o profissional escolhido é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e alertou para o risco de confiar em imagens manipuladas nas redes sociais.
O CREMEB informou que realizou uma visita de fiscalização ao hospital onde a vítima está internada e coletou informações do prontuário médico. A entidade afirmou ainda que pretende denunciar a biomédica ao Ministério Público do Estado da Bahia por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. Casos semelhantes envolvendo profissionais não médicos que realizam procedimentos cirúrgicos já resultaram em condenações e multas no estado.
