Advogado baiano preso por agredir companheira perde registro na OAB

Ex-aluno da PM e com milhares de seguidores nas redes sociais, João Neto é suspenso por 90 dias após vídeos de agressão à namorada virem à tona.

Maceió, AL – A carreira de João Neto, advogado criminalista baiano de 47 anos com milhares de seguidores nas redes sociais, sofreu um duro golpe. Preso em abril deste ano por agredir a namorada em Maceió, ele teve seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) suspenso por 90 dias, sem direito a recurso. A decisão, no entanto, não se baseia apenas na prisão em flagrante por agressão, mas também em seu comportamento online, considerado pela OAB como altamente reprovável.

Segundo a OAB, João Neto utilizava suas plataformas digitais para ensinar métodos de como evitar a responsabilização criminal, um comportamento que a instituição classificou como incompatível com a ética profissional. A ironia da situação é gritante: enquanto se apresentava como especialista em escapar das garras da lei, ele próprio era flagrado cometendo um crime violento.

Vídeos de câmeras de segurança do prédio onde residia com a vítima mostram a sequência de agressões. Embora a defesa tenha divulgado outro vídeo na tentativa de contestar as acusações, a delegada Ana Luiza Nogueira, responsável pelo caso, afirma que as imagens comprovam a agressão.

A trajetória de João Neto é ainda mais peculiar. Ele chegou a ingressar no curso de formação da Polícia Militar da Bahia, mas foi desligado há 15 anos após denúncia de agressão e por utilizar “meios irregulares para responder a uma avaliação”, segundo a PM. Apesar de se autodenominar ex-policial militar nas redes sociais, ele nunca chegou a atuar como agente, já que não concluiu o curso.

A suspensão do registro na OAB, portanto, representa não apenas uma punição pela violência doméstica, mas também uma condenação ao seu uso indevido das redes sociais para divulgar conteúdo que, na prática, desrespeita o estado de direito.